“O Capitão Bandeira Contra o Dr. Moura Brasil”, dirigido por Antônio Calmon em 1971, é um daqueles filmes que parecem existir entre o sonho e o delírio, entre o que se entende e o que apenas se sente. Uma obra que nasce sob o peso da ditadura militar e respira o desejo urgente de liberdade — estética, política e mental. Cláudio Bandeira, vivido por Cláudio Marzo, é um homem aparentemente bem-sucedido, mas que se vê invadido por pesadelos e por uma figura sombria: o Dr. Moura Brasil. Esse duplo, meio símbolo, meio fantasma, atravessa sua consciência até dissolver a fronteira entre realidade e imaginação. Ao lado dele, surgem presenças que parecem mais arquétipos do que personagens — Norma Bengell como a Mensageira, Dina Sfat e Hugo Carvana — compondo um mosaico de vozes internas, espelhos e inquietações. O filme não se explica: ele se fragmenta. As cenas se alternam em preto e branco e em cores, como se a sanidade e o delírio disputassem o domínio da narrativa. Essa estrutura quebrada, ...
O seu guia de cinema, séries e diversão! Por Déborah Tomaselli - Crítica e curadora de cinema - Formada em Audiovisual pela Universidade Estadual de Goiás (UEG)