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Artista visual e cineasta Rafael de Almeida inaugura exposição individual “Sob nossos cascos” em Goiânia

Com curadoria de Divino Sobral, a exposição destaca a figura do boi como signo simbólico, político e afetivo nos territórios do Brasil central, e tem abertura marcada para 15 de maio, às 19 horas, no Centro Cultural Octo Marques


O artista visual e cineasta goiano Rafael de Almeida estreia em exposição individual no próximo dia 15 de maio, quinta-feira, a partir das 19h, no Centro Cultural Octo Marques, no Centro de Goiânia. “Sob nossos cascos” tem curadoria de Divino Sobral e reúne um conjunto inédito de fotografias, vídeos, arquivos manipulados por inteligência artificial e instalações que mergulham na figura do boi como entidade simbólica que atravessa a história, o imaginário e a materialidade dos territórios do Brasil central. A visitação é gratuita e acontece todos os dias, das 9h às 17h, até o dia 29 de junho.


Um rastro que atravessa paisagens, mitologias e corpos - “‘Sob nossos cascos’  propõe uma deriva sensível pelo rastro da boiada — não apenas como animal ou recurso econômico, mas como força mítica, fabular e política. O percurso do visitante é marcado por imagens e sons que tensionam a naturalização do boi como ícone nacional, trazendo à tona seus vínculos com a colonização, o extrativismo e as estruturas de violência imposta sobre corpos e territórios. Ao mesmo tempo, reconhece o animal como presença viva no cotidiano do sertão, moldando ritmos de vida e experiências afetivas”, reflete Rafael de Almeida. O artista parte de um repertório híbrido: combina imagens de acervos públicos, registros próprios feitos durante expedições em Goiás e arquivos fictícios gerados por inteligência artificial, por meio da técnica de promptografia. 


Esses arquivos imaginados são tensionados por meio de técnicas artesanais e processos fotográficos alternativos como a cianotipia e a intervenção com fungos, bordado, aquarela, giz oleoso e tinta a óleo. Há ainda vídeos realizados a partir de suportes digitais e analógicos, como Super 8mm, que colaboram para uma atmosfera de estranhamento e memória em suspensão. Esse jogo entre documento e ficção ativa um campo de ambiguidade que interessa diretamente ao artista: “Essas imagens são como feridas abertas. Falam de um tempo que ainda pulsa, mas que foi inscrito com violência. Ao corroer ou refabular criticamente o documento, tento criar um testemunho que não seja apenas informativo, mas sensorial e político”, afirma o artista.


Um ensaio entre o cinema e as artes visuais - Com uma trajetória marcada por práticas documentais e experimentais, Rafael de Almeida constrói uma pesquisa estética que dialoga com o ensaio etnográfico e a fabulação crítica. A curadoria de Divino Sobral enfatiza essa vocação híbrida da exposição: “As imagens criadas ou manipuladas por Almeida remetem a um tempo pretérito, são impregnadas de nostalgia, apesar do intenso uso da tecnologia atual. Há nelas uma temporalidade desconfortável, um presente que se observa e se analisa olhando para uma simulação do passado, construída pelo uso de fotografia preto e branco deslocada pela coloração própria à cianotipia, e, sobretudo, pelo enredamento nos temas voltados à formação identitária do Centro Oeste brasileiro. É como se desejasse analisar a alma da cultura sertaneja fazendo um mergulho em sua memória”, analisa Sobral. 


A espacialidade da mostra foi pensada para que o visitante percorra diferentes níveis de densidade visual e sensorial. Há momentos de silêncio e suspensão, e outros de impacto rítmico e imagético. A exposição não apresenta uma narrativa linear, mas provoca o público a montar seus próprios vínculos entre as obras, como quem segue os rastros de uma manada que já passou — ou que ainda está por vir.


A universidade como território de criação - A exposição conta com apoio institucional da Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio do curso de Cinema e Audiovisual e do Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER). Parte das obras foi desenvolvida no âmbito do laboratório Entre-imagens – Laboratório Experimental de Cinema e Arte, que atua como espaço de experimentação estética e pesquisa crítica em imagem.


Para o reitor da UEG, professor Antônio Cruvinel, iniciativas como essa reafirmam o papel da universidade pública como agente cultural ativo: “Acreditamos na arte como potência de transformação crítica e sensível da realidade. Apoiar uma exposição como ‘Sob nossos cascos’, de um artista que também é nosso professor e pesquisador, é valorizar o que há de mais vibrante na produção artística contemporânea ligada à universidade. É uma honra ver esse trabalho ganhar espaço na cena cultural de Goiás”, afirma o reitor.


Entre rastros e celebração - Após a abertura da exposição, o público é convidado para a festa que acontece na mesma noite de 15 de maio, a partir das 21h, no Kasarão, espaço parceiro do projeto, com discotecagem do DJ Sabará e show ao vivo da banda Forró Quentim — numa celebração que ecoa o espírito contraditório da mostra: entre o peso do chão marcado por cascos e a leveza dos encontros que ainda resistem.


Sobre o artista - Rafael de Almeida é cineasta e artista visual nascido em Goiânia. Doutor em Multimeios pela Unicamp, com estágio na Universidad Complutense de Madrid e pós-doutorado pela UFG, é professor de Cinema e Audiovisual na Universidade Estadual de Goiás. Seu trabalho investiga a interseção entre cinema documental, práticas ensaísticas e fabulação crítica, com interesse especial em arquivos — reais ou gerados por IA — que são manipulados por processos analógicos como forma de reimaginar o passado e suas representações.




Ficha técnica

Artista: Rafael de Almeida

Curadoria: Divino Sobral

Expografia e Montagem: Cleandro Elias Jorge

Auxiliar de montagem: Lucas Souza Pereira Miranda

Design gráfico: Vitória Melo

Assessoria de imprensa: Geórgia Cynara

Monitoria Entre-imagens – Laboratório Experimental de Cinema e Arte (UEG): Amanda Rosa, Ana Paula Castro, Anna Cláudia, Catarina Vilela, Eduardo Dantas, Ester Noleto, Esther Alves, Gustavo Marques, Hitallo Torquato, Luca Manso, Mateus Santos, Mariana Melo

Realização: Centro Cultural Octo Marques e Secretaria de Cultura do Estado de Goiás
Apoio institucional: Universidade Estadual de Goiás (Curso de Cinema e Audiovisual, TECCER, Entre-imagens), Comitê de Cultura em Goiás – PNCC do Ministério da Cultura

Apoio cultural: Asturia Cerveja, Tetto Fine Art, Canson, Kasarão, Naya Violeta, Symplifix


Serviço

Exposição individual: Sob nossos cascos, de Rafael de Almeida

Abertura: 15 de maio de 2025, das 19h às 21h

Visitação: de 16 de maio a 29 de junho, todos os dias, das 9h às 17h

Local: Centro Cultural Octo Marques – Rua 4, n. 515, Centro, Goiânia-GO

Entrada gratuita

Festa de abertura: a partir das 21h, com DJ Sabará e Forró Quentim, no Kasarão (Avenida Araguaia, n. 808, Centro, Goiânia-GO)

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